segunda-feira, 25 de abril de 2022

#136

Ao olhar as horas
Enxergamos o presente se espremendo
Dentro de nossas janelas

Segundo a segundo,
E temos um passado cada vez mais recente
De um presente que só vimos passar

Pensando no nada
Talvez pegando um ar para o próximo segundo
Que também se vai

Ou melhor dizendo,
Se foi . . . 

Cada nota por pensamento criado
E alguns segundos a serem contados sem os dedos

Dedos que escrevem suas loucuras na areia e deixa o mar as levarem junto dele
Sem remorsos, em paz

Seus devaneios escritos por linhas leves
Ao som da própria respeiração e do mundo a sua frente

Mais alguns segundos 

E o sentimento dos segundos voando bem em frente aos nossos olhos
Nos afoga

Não deixam o gosto
Se vão como as palavras ao mar
E terminam seguindo sem se explicar.







quarta-feira, 9 de março de 2022

#135

Vicio.

No abstrato indecorável
Que se renova com os dias
E que não traz sossego

Não acalenta e não permite.
O sono que revigora a alma
Se distancia e não me abraça

Tão importuno e tão sem forma,
Ou talvez de todas as formas,
Que se redesenha a cada vista

Mas nenhuma apresenta oque procuro

A arte de se manter a postos
Por aquilo que me subtrái
Em tantas partes diferentes

Que explicar a si mesmo
Perde a total naturalidade dos blocos
Que só as vezes

Chamo de eu

Sem a forma desejada
Ou de pensamento apropriado
Com sorrisos descalços

Me chamo de abstrato.