terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

#132

Concentro o ódio e o aperto
Nas palavras que apertam
E cada parte do corpo

O ar é escasso
E tenta -se aproveitar 
O pouco que resta

Janelas fechadas
Portas que não se abrem
O mundo fechado

Preso em suas mãos 

Sem amor pela solidão 
Seu amor pelo meu
Meu amor pelos céus 

E realizo a ideia
Que tudo não passa
Das pequenas coisas

Que não possuem
E não precisam de explicação 
Venha de onde for

Eu prefiro que nao cheguem em mim

Como balas perdidas
Que simplesmente 
Nos tem como alvos

Sufocados por esperar
Ansiosos pelo nada
Observando oque nos mata

Aleatório 
Cego
Sempre insípido 

E sempre um pouco mais
Perto do que imaginamos
Da falta de algo

Que não sabemos dar nomes
Que não sabemos a forma
Que chamamos de . . . 


Vontades

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

#131

Gravidade

Que já não causa medo
Nem da queda e nem das leis
Que machucam a cada segundo mais

Quando se descobre
Que és  feito do traço mal feito
Imperfeito

É aí que passamos a enxergar
Que tudo a nossa volta
Não passa da mais pura imperfeição

Que alimenta dia após dia

O presente se repete
O amanhã  já não é interessante
O ontem se revira

Das marcas aos troféus
Os sorrisos querem sempre estar
Perto daquilo que não  foi

E quem não foi
Dá adeus
E dá espaço para o amanhã

Que nenhum peso tem

Apenas perceba que
A coragem no caminhar
Depende apenas do seu equilíbrio

E que nos falta apenas enxergar
Que sós como nós . . .
São todos esses que como vemos

Não conhecem tão bem
A tal ansiedade
O tal do desespero

A maldita gravidade







quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

#130

Mendigo

Tudo aquilo que não tenho
Que não devo desejar
Nas horas em que não  tenho

Da voz que acalenta
A mágoa  que alimento
Tudo não passa de paciência 

Da ânsia  de não  ter
Do ser que se espera ser
Ou da paz que poderia a haver

Paz

Que na ausência se torna inferno
E ensina que da nossa paz
O inferno  se justifica

Assim como cada palavra
Cada movimento 
E nossas vans invenções 

Todas aos nossos traços 
Com raízes, manias
E imperfeições que nos descreve


Lucidez que se perde por escassez
E se encontra no pouco
Que resta da clareza

Como bons lapsos
De memória que persistem
E se mantém vivos

Sejam luzes que alumiam
Vozes que ainda falam
Marcas que não perdem cor

As vezes o tempo não consegue ir além 
De tudo aquilo que fugimos,
Das coisas que desejamos que se vá 

A roda do mundo
As vezes
Não gira tão depressa

E nos faz presos
Por tempo demais
Em uma estação que não é nossa

Onde nos encontramos
E percebemos que essa chuva
Não pára de cair

Sob nossa cabeça