Mendigo
Tudo aquilo que não tenho
Que não devo desejar
Nas horas em que não tenho
Da voz que acalenta
A mágoa que alimento
Tudo não passa de paciência
Da ânsia de não ter
Do ser que se espera ser
Ou da paz que poderia a haver
Paz
Que na ausência se torna inferno
E ensina que da nossa paz
O inferno se justifica
Assim como cada palavra
Cada movimento
E nossas vans invenções
Todas aos nossos traços
Com raízes, manias
E imperfeições que nos descreve
Lucidez que se perde por escassez
E se encontra no pouco
Que resta da clareza
Como bons lapsos
De memória que persistem
E se mantém vivos
Sejam luzes que alumiam
Vozes que ainda falam
Marcas que não perdem cor
As vezes o tempo não consegue ir além
De tudo aquilo que fugimos,
Das coisas que desejamos que se vá
A roda do mundo
As vezes
Não gira tão depressa
E nos faz presos
Por tempo demais
Em uma estação que não é nossa
Onde nos encontramos
E percebemos que essa chuva
Não pára de cair
Sob nossa cabeça
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