quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

#130

Mendigo

Tudo aquilo que não tenho
Que não devo desejar
Nas horas em que não  tenho

Da voz que acalenta
A mágoa  que alimento
Tudo não passa de paciência 

Da ânsia  de não  ter
Do ser que se espera ser
Ou da paz que poderia a haver

Paz

Que na ausência se torna inferno
E ensina que da nossa paz
O inferno  se justifica

Assim como cada palavra
Cada movimento 
E nossas vans invenções 

Todas aos nossos traços 
Com raízes, manias
E imperfeições que nos descreve


Lucidez que se perde por escassez
E se encontra no pouco
Que resta da clareza

Como bons lapsos
De memória que persistem
E se mantém vivos

Sejam luzes que alumiam
Vozes que ainda falam
Marcas que não perdem cor

As vezes o tempo não consegue ir além 
De tudo aquilo que fugimos,
Das coisas que desejamos que se vá 

A roda do mundo
As vezes
Não gira tão depressa

E nos faz presos
Por tempo demais
Em uma estação que não é nossa

Onde nos encontramos
E percebemos que essa chuva
Não pára de cair

Sob nossa cabeça 











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