Um homem que desenhava
A vida como bem imaginava
De forma irônica e às vezes torta
Com rabiscos que só ele conseguia entender
As telas e seus incontáveis
Desenhos e esboços
Diziam tudo oque queria
De amores às mais profundas dores
Das cores aos singelos abismos
Onde às vezes se encontrava
Que por fim se fazia tão normal
Algumas de suas obras
Demoravam a ser terminadas
Muitos detalhes, muitos rabiscos
As pontas dos lápis e pincéis
Já faziam parte do desenhista
Que por sua vez crescia
Talvez longe dos olhos ideais
Daqueles que deveriam enxergar
Que possuíam a tal sensibilidade
Que entendiam que cada pedaço de ponta que se desfazia
Era uma parte do desenhista que se desfazia
Que morria para dar vida
Suas pinturas brilhavam em seus olhos
Parecia que se copiavam dali para as telas
De uma forma mágica e inusitada
Para ele era algo tão normal
Que sua vida já possuía todo sentido
Fosse rabiscando ou colorindo
Sentado ao chão com seus velhos trapos
Com seu cão que estava sempre ali
Com suas mãos que não paravam
Ainda com muito para dar
E ainda com muito morrer.