quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

#71

Um homem que desenhava
A vida como bem imaginava
De forma irônica e às vezes torta
Com rabiscos que só ele conseguia entender

As telas e seus incontáveis
Desenhos e esboços
Diziam tudo oque queria

De amores às mais profundas dores
Das cores aos singelos abismos
Onde às vezes se encontrava

Que por fim se fazia tão normal

Algumas de suas obras
Demoravam a ser terminadas
Muitos detalhes, muitos rabiscos

As pontas dos lápis e pincéis
Já faziam parte do desenhista
Que por sua vez crescia

Talvez longe dos olhos ideais
Daqueles que deveriam enxergar
Que possuíam a tal sensibilidade

Que entendiam que cada pedaço de ponta que se desfazia
Era uma parte do desenhista que se desfazia

Que morria para dar vida

Suas pinturas brilhavam em seus olhos
Parecia que se copiavam dali para as telas
De uma forma mágica e inusitada

Para ele era algo tão normal
Que sua vida já possuía todo sentido
Fosse rabiscando ou colorindo

Sentado ao chão com seus velhos trapos
Com seu cão que estava sempre ali
Com suas mãos que não paravam

Ainda com muito para dar
E ainda com muito morrer.

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