O mesmo borrão
Até então,
Não há mais chão
Onde possa derramar tanto
Nem a tela aguenta mais
Tantas repetições
Ou qualquer cor que recebia
Tais pincéis
Que outrora falavam
Até mesmo sem bocas
Se calavam até para mim
A mesma paisagem
Que dava vida aquela janela
Ganhava mais formas
Recebia cada vez mais
Rabiscos incontáveis
Pela mesma mão
Pelo mesmo que
Se recriava a cada dia
E se destruía junto da tela
Junto daquela paisagem
Ressurgia quantas vezes fosse
Para somente ressignificar
E redesenhar o mesmo sorriso
Que se ajustava
Reajustava
Se errava
Entre os traços sobre ela
Os lábios em sua devida
Espessura, finura
Cada coisa se encaixava
Deixando para trás
Oque se chamava de esboço
E por fim
Se transformava dia a mais
Em uma obra de arte
Na minha esquisita arte.