segunda-feira, 29 de abril de 2024

#141

O mesmo borrão 

Até então,
Não há mais chão 
Onde possa derramar tanto

Nem a tela aguenta mais
Tantas repetições
Ou qualquer cor que recebia

Tais pincéis
Que outrora falavam
Até mesmo sem bocas

Se calavam até para mim

A mesma paisagem
Que dava vida aquela janela
Ganhava mais formas

Recebia cada vez mais
Rabiscos incontáveis
Pela mesma mão 

Pelo mesmo que
Se recriava a cada dia
E se destruía junto da tela

Junto daquela paisagem
Ressurgia quantas vezes fosse
Para somente ressignificar

E redesenhar o mesmo sorriso

Que se ajustava
Reajustava
Se errava 

Entre os traços sobre ela
Os lábios em sua devida
Espessura, finura 

Cada coisa se encaixava
Deixando para trás
Oque se chamava de esboço 

E por fim 
Se transformava dia a mais
Em uma obra de arte 

Na minha esquisita arte.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

#140

Nunca me pareceu tao só

Os sentimentos meio a muitos
As ideias que possuem
Somente em outras frequências

Quem dera ser
Metade daquilo que no fundo
Não mostra esse quadro

Um fundo imperfeito
De folhas que caem
Pelo mais puro descuido

Meio as cores
A grossa tentativa de 
Entregar vida a quem vê

Mas bem de perto
O excesso da tinta
Em diversos tons

Há manchas até no chão

São tantos tons
Que nem as mãos
Dão conta do borrão

Talvez nem as cores
Nem os tons façam sentido
Nem mesmo seus excessos

Parecia que queria entregar
O amor que lhe cabia
E não sabia como

E não sabia o tamanho
Que lhe vestia
E então usava todas as cores

Afim de que seus excessos
Fossem entregues
Não pelos sorrisos

Mas para seu próprio desespero

E aquelas machas 
Ao chão, próximas a paisagem
Que se encaixava naquela janela

Nunca fizeram tanto sentido.


domingo, 14 de abril de 2024

#139

Em mar aberto

Não conseguimos ir além da imensidão
Os olhos encontram o horizonte
Mas este nem sempre faz sentido

O mar nem sempre permite
Tal vermelhidão que vemos
Sobre nossas cabeças

Talvez não precisemos entender
Os porques, as cores
As palavras que ficam no meio do caminho


Os desesperos que revivemos. . .


Creio na ideia
De que seremos sempre jovens
Para nossos erros

Prefiro não chamar de erro
Toda tentativa de ser feliz
De ganhar sorrisos

Prefiro não me queimar
Por todo auto flagelo
E criaturas que costumo criar


Quantas dessas já dei nomes de demônios . . .

A alma se sobrepõe
Afim de respirar
Acima de qualquer nuvem já vista

O ar se torna rarefeito
Os pensamentos e as ideias
Se desmontam 

Se remontam
E voltamos a mesma atmosfera
A própria nua alma


Ao mar aberto
E todos devaneios
Todo âmago entregue a si

Só.