sexta-feira, 23 de agosto de 2024

#147

Sim

Eu posso ouvir esse vento daqui
Que assusta se pelo acaso
E colide na melodia certa

Que ensina a esperar
Que afaga meio furacão
E me permite quem sabe

Dormir em uma paz inventada
Controlada pelas lembranças
Onde o timbre dessa voz

Acalenta ao dizer meu nome

Algumas gotas mais
E a balança se desequilibra
E eu não quero estar aqui

Alguns sinais que crio
Para que essa esperança não me esqueça
E para que eu saiba por onde volta

E se por ventura
Eu vier a esquecer esse caminho
Significa também que esqueci 

Meu nome

Então não deixe de me chamar
De gritar se preciso for
Para que eu lembre

Pelo timbre dessa voz
Ou pela raiva, ou pela entonação
Ou pelas palavras a mais

E qualquer forma que
Me traga de volta
Na mesma estação

Na mesma frequência

No mesmo timbre
E quem sabe
No mesmo Dó

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

#146

Insensatez

Não querer mais catar por aí
Todos os pedaços que sobraram
Do que chamo de amor

São tantas idas e vindas
Tantos motivos
Tantas razões perdidas

Coisas que não cabem
Que não cabem dentro de mim
E que aliás. . .

Qual seria seu tamanho dentro do peito?

A vista de tudo
Parece ter o teu modelo
E as tuas curvas

A leveza que não se questiona
Que faz o agora ser desejado
Até o último minuto

Que torna qualquer,
Qualquer das minhas desculpas
As mais importantes

Para me pegar perto
Me fazer próximo
Entregar o que me resta do "são"

Nada tem sentido
Mas que sentido eu preciso
Para respirar um pouco mais

E sentir um pouco mais de você?

Quem sabe pelo perfume
Talvez pelo sorriso
E com toda certeza

Pelo sorriso que não me deixa mentir!

Por favor. . .

Só me deixe aqui admirando
Tudo aquilo que eu puder
Ao menos enquanto me permitir

Estar aqui. . . 

#145

Parecia tão perto de mim

Mas, mal o lápis caia das mãos
E logo começava a partir
E então, distância

A arte que havia aqui
Dizia adeus e com ela
Todo marasmo e murmúrios

As pontas gastas,
A mente esfumaçava
Ao longo das palavras que mais pareciam

Fantasmas iluminados

Que não me deixam,
E se tornaram companhia
Me presenteando com vazios

E lindas frases
Que preenchem sempre 
Um pouco mais daquele jarro

Às vezes pela metade
Outrora faz derramar,
Mas sempre. . .

 A preencher um pouco mais

E eu não sei lidar
Não sei mais como é
Não entendo se está cheio

Talvez pela metade
Nos momentos em que a vida
Não parece deixar ficar de pé

Ou quem sabe
Vazio a ponto de esquecer
As cores que usei.




#144

Entrego como sou

Da paz que possuo
Encho minha mão
E lhe entrego da melhor forma

Não me importa oque faz dela
Mas se eu pudesse
Desejaria que cuidasse como pode

Sem tais cobranças
Que rodam o todo
Sem as amarguras de todos os dias

Não é muita, mas é sua agora

Me entrego aos meus refúgios
Com oque me sobrou 
E a deixo crescer 

Olhando de longe
Sem que a arranhe
No mais leve olhar

Com ou sem sucesso
Cuido do que ainda se pode
E logo o coração se enche

E as mãos seguram novamente
A velha paz que em certeza
Jamais deveria ter partido

Seja qual for o destino
Ou se somente em pedaços
Que não se juntam

Mantenho entregando
Daquilo que minhas mãos
Estão cheias. . . 

E um pouco de paz.





sexta-feira, 2 de agosto de 2024

#143

Eis aqui

Quem deixa o vento bater
E não foge do desespero,
Que nos mata

A frequência se torna
Cada vez mais alta
E pode ser encontrada de qualquer lugar

O senso, o medo, devaneios
De um louco e por vezes
Feito de cego pelos próprios sentidos

O outono nunca foi tão. . . 

As folhas se seguram onde podem
As ruas não parecem tão cheias dessa vez
Mas é só uma questão de tempo

Até que tudo ao seu redor
Desabe em mais pura desordem
Amor, ódio e se houver sorte

Um pouco de café
Ou até mesmo chá
Que outrora trazia paz

Tardia. . 

Num inferno qualquer
Tudo se faz dor
Até que comece a partir

A se despedir da própria mente
Que mente para si
E te leva mais uma vez ao inferno

Que é o amago
Cheios de nós
E enormes espelhos 

Onde nos vemos
E encontramos nossas belezas mal feitas
Além dos triunfos através de nossos turvos olhos.