quarta-feira, 18 de setembro de 2024

#151

Mortes incontáveis
Diárias e tão continuas
Quanto o ar que a gente respira

Textos em vão
Iniciados ao decorrer do dia
Apagados por falta de palavras

Percebi com o tempo
Que cada palavra escrita
Não me leva a lugar algum

Aqui eu estou
Aqui eu me encontro
Aqui eu me escondo

Não há movimento perfeito
Mas cada tentativa
Sopra tão forte como um tufão

Tente fugir para qualquer direção
E falhe miseravelmente
Em suas mais insanas plenitudes

Em seus imperfeitos movimentos

A linha de chegada
Tem o cheiro da largada
Mas ainda falta algo

Estamos recomeçando
De qualquer ponto
E desconhecemos o agora

Ou já não faz diferença

Se estamos ou não aqui
Se reinventando
Se queimamos ou não

Começar de novo
Sempre te faz sangrar
Ao menos. . .

As minhas mãos.

#150

É como se você
Não fizesse parte do nada
Em momento algum

Como se perambulasse
Tentando encontrar a fio
Ao que pertence

Ha todo tempo
Buscando aprovações
Inexistentes e descabíveis

Onde não importam

Há costume em cair
Em se levantar
Em se recompor

Mas ninguém para sentir
Como dói e como é tentar
E como é "grave"

Como pesa ao carregar
E se arrastar
Na frente de todos

Não estamos possessos

Não somos piores
Nem se quer 
Tão diferentes assim

Mas está tudo bem
Se este for
O melhor jeito de partir

Ainda que sendo arrastado
Pelo próprios motivos
Com o todo que aprendi

Que nunca pertenci.

#149

Me corroo pela simples erosão
A quem quero enganar,
Se são meu ossos que doem?

A surdez ainda que sozinha
Dá voz a minha mudez
Expõe a minha nudez

A alma passeia ao meu redor
Ao passo que em apenas
Um piscar de olhos

Ela se afasta . . .

Há uma imensidão
Das coisas que amamos
Guardadas à léguas de nós

Em qualquer baú,
Enterrado em qualquer lugar
Ou garrafas perdidas ao mar

E seja lá oque encontrar
Seja isso parte de você
Para relembrar suas importancias

Seus detalhes em meros rabiscos

Dando vida
Nos matando
Nos movendo

Sejam pelos sorrisos
Sejam por palavras
Seja . . .

Por implesmente poder
Respirar sem pesar
Quem sabe o mesmo ar

Sem que estes mesmos ossos
Continuem a se quebrar
Por todo lugar

E me espalhar
cada vez mais.

#148

Primeiro

O desespero batendo a porta
Lhe entrega um sorriso calmo
Que por dentro se faz desespero

As direções se viram do avesso
Estamos de cabeça para baixo
No mundo mal criado e sem forma

Tudo não passa de um quebra cabeças
Que não se sabe montar as peças,
Mal se sabe onde se encontram

E o sorriso
Não hesita em abrir as portas
Para o desespero

Tudo parece calmaria
E não passa de sangue escorrendo
Por entre essas mãos

Que faz apertar os punhos
E deixa vazar a alma
Ou almas em firma de arte

Talvez você conheça
E não mostra a ninguém
E que agora se encontra amostra

Só por hoje . . .

Um pouco de paz
E da bandeira que prometeste
Sem qualquer dor ou furor

Talvez paz
E algumas cores
Por falta de palavras

Mas para sempre
Em notas baixas e de melodias
Leves, suaves

As vezes extridentes
Que não assustam
Mas fazem cicatrizes

. . .Das quais mal cuidei até aqui. . . 

De quem vive
Desafiando seus medos
Caindo. . .

Levantando.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

#147

Sim

Eu posso ouvir esse vento daqui
Que assusta se pelo acaso
E colide na melodia certa

Que ensina a esperar
Que afaga meio furacão
E me permite quem sabe

Dormir em uma paz inventada
Controlada pelas lembranças
Onde o timbre dessa voz

Acalenta ao dizer meu nome

Algumas gotas mais
E a balança se desequilibra
E eu não quero estar aqui

Alguns sinais que crio
Para que essa esperança não me esqueça
E para que eu saiba por onde volta

E se por ventura
Eu vier a esquecer esse caminho
Significa também que esqueci 

Meu nome

Então não deixe de me chamar
De gritar se preciso for
Para que eu lembre

Pelo timbre dessa voz
Ou pela raiva, ou pela entonação
Ou pelas palavras a mais

E qualquer forma que
Me traga de volta
Na mesma estação

Na mesma frequência

No mesmo timbre
E quem sabe
No mesmo Dó

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

#146

Insensatez

Não querer mais catar por aí
Todos os pedaços que sobraram
Do que chamo de amor

São tantas idas e vindas
Tantos motivos
Tantas razões perdidas

Coisas que não cabem
Que não cabem dentro de mim
E que aliás. . .

Qual seria seu tamanho dentro do peito?

A vista de tudo
Parece ter o teu modelo
E as tuas curvas

A leveza que não se questiona
Que faz o agora ser desejado
Até o último minuto

Que torna qualquer,
Qualquer das minhas desculpas
As mais importantes

Para me pegar perto
Me fazer próximo
Entregar o que me resta do "são"

Nada tem sentido
Mas que sentido eu preciso
Para respirar um pouco mais

E sentir um pouco mais de você?

Quem sabe pelo perfume
Talvez pelo sorriso
E com toda certeza

Pelo sorriso que não me deixa mentir!

Por favor. . .

Só me deixe aqui admirando
Tudo aquilo que eu puder
Ao menos enquanto me permitir

Estar aqui. . . 

#145

Parecia tão perto de mim

Mas, mal o lápis caia das mãos
E logo começava a partir
E então, distância

A arte que havia aqui
Dizia adeus e com ela
Todo marasmo e murmúrios

As pontas gastas,
A mente esfumaçava
Ao longo das palavras que mais pareciam

Fantasmas iluminados

Que não me deixam,
E se tornaram companhia
Me presenteando com vazios

E lindas frases
Que preenchem sempre 
Um pouco mais daquele jarro

Às vezes pela metade
Outrora faz derramar,
Mas sempre. . .

 A preencher um pouco mais

E eu não sei lidar
Não sei mais como é
Não entendo se está cheio

Talvez pela metade
Nos momentos em que a vida
Não parece deixar ficar de pé

Ou quem sabe
Vazio a ponto de esquecer
As cores que usei.




#144

Entrego como sou

Da paz que possuo
Encho minha mão
E lhe entrego da melhor forma

Não me importa oque faz dela
Mas se eu pudesse
Desejaria que cuidasse como pode

Sem tais cobranças
Que rodam o todo
Sem as amarguras de todos os dias

Não é muita, mas é sua agora

Me entrego aos meus refúgios
Com oque me sobrou 
E a deixo crescer 

Olhando de longe
Sem que a arranhe
No mais leve olhar

Com ou sem sucesso
Cuido do que ainda se pode
E logo o coração se enche

E as mãos seguram novamente
A velha paz que em certeza
Jamais deveria ter partido

Seja qual for o destino
Ou se somente em pedaços
Que não se juntam

Mantenho entregando
Daquilo que minhas mãos
Estão cheias. . . 

E um pouco de paz.





sexta-feira, 2 de agosto de 2024

#143

Eis aqui

Quem deixa o vento bater
E não foge do desespero,
Que nos mata

A frequência se torna
Cada vez mais alta
E pode ser encontrada de qualquer lugar

O senso, o medo, devaneios
De um louco e por vezes
Feito de cego pelos próprios sentidos

O outono nunca foi tão. . . 

As folhas se seguram onde podem
As ruas não parecem tão cheias dessa vez
Mas é só uma questão de tempo

Até que tudo ao seu redor
Desabe em mais pura desordem
Amor, ódio e se houver sorte

Um pouco de café
Ou até mesmo chá
Que outrora trazia paz

Tardia. . 

Num inferno qualquer
Tudo se faz dor
Até que comece a partir

A se despedir da própria mente
Que mente para si
E te leva mais uma vez ao inferno

Que é o amago
Cheios de nós
E enormes espelhos 

Onde nos vemos
E encontramos nossas belezas mal feitas
Além dos triunfos através de nossos turvos olhos.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

#142

Sob o frio

O ar dos pulmões 
Parecem com a fumaça 
De uma lareira qualquer

Não sei bem
Mas acho que as cinzas dessa lareira
Estão sempre espalhadas por todo lugar

A brasa deveria fazer melhor seu papel
Deveria esquentar o que resta,
Oque parece ter vida

Mas nem sempre

O tão "só" respirar
Não é nem nunca foi
Sinônimo de viver

Há quanto tempo questionamos
Sobre esse viver,
a quem da visceralidade que nos falta?

Tudo é intensidade
E um pouco daquilo que te faz mudar
De ideia quando nos olhamos no espelho

Desejando estar um pouco mais longe. . .

Cada vez mais longe. . .

De si

A fumaça permanece
Os pulmões, não mais
Deixam de funcionar

O frio engole de forma abstrata
E já não consigo ler
Os traços que eu mesmo fiz

As cinzas
Nunca foram tão claras
Como no agora


segunda-feira, 29 de abril de 2024

#141

O mesmo borrão 

Até então,
Não há mais chão 
Onde possa derramar tanto

Nem a tela aguenta mais
Tantas repetições
Ou qualquer cor que recebia

Tais pincéis
Que outrora falavam
Até mesmo sem bocas

Se calavam até para mim

A mesma paisagem
Que dava vida aquela janela
Ganhava mais formas

Recebia cada vez mais
Rabiscos incontáveis
Pela mesma mão 

Pelo mesmo que
Se recriava a cada dia
E se destruía junto da tela

Junto daquela paisagem
Ressurgia quantas vezes fosse
Para somente ressignificar

E redesenhar o mesmo sorriso

Que se ajustava
Reajustava
Se errava 

Entre os traços sobre ela
Os lábios em sua devida
Espessura, finura 

Cada coisa se encaixava
Deixando para trás
Oque se chamava de esboço 

E por fim 
Se transformava dia a mais
Em uma obra de arte 

Na minha esquisita arte.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

#140

Nunca me pareceu tao só

Os sentimentos meio a muitos
As ideias que possuem
Somente em outras frequências

Quem dera ser
Metade daquilo que no fundo
Não mostra esse quadro

Um fundo imperfeito
De folhas que caem
Pelo mais puro descuido

Meio as cores
A grossa tentativa de 
Entregar vida a quem vê

Mas bem de perto
O excesso da tinta
Em diversos tons

Há manchas até no chão

São tantos tons
Que nem as mãos
Dão conta do borrão

Talvez nem as cores
Nem os tons façam sentido
Nem mesmo seus excessos

Parecia que queria entregar
O amor que lhe cabia
E não sabia como

E não sabia o tamanho
Que lhe vestia
E então usava todas as cores

Afim de que seus excessos
Fossem entregues
Não pelos sorrisos

Mas para seu próprio desespero

E aquelas machas 
Ao chão, próximas a paisagem
Que se encaixava naquela janela

Nunca fizeram tanto sentido.


domingo, 14 de abril de 2024

#139

Em mar aberto

Não conseguimos ir além da imensidão
Os olhos encontram o horizonte
Mas este nem sempre faz sentido

O mar nem sempre permite
Tal vermelhidão que vemos
Sobre nossas cabeças

Talvez não precisemos entender
Os porques, as cores
As palavras que ficam no meio do caminho


Os desesperos que revivemos. . .


Creio na ideia
De que seremos sempre jovens
Para nossos erros

Prefiro não chamar de erro
Toda tentativa de ser feliz
De ganhar sorrisos

Prefiro não me queimar
Por todo auto flagelo
E criaturas que costumo criar


Quantas dessas já dei nomes de demônios . . .

A alma se sobrepõe
Afim de respirar
Acima de qualquer nuvem já vista

O ar se torna rarefeito
Os pensamentos e as ideias
Se desmontam 

Se remontam
E voltamos a mesma atmosfera
A própria nua alma


Ao mar aberto
E todos devaneios
Todo âmago entregue a si

Só.